terça-feira, 29 de julho de 2014

Amor pelos livros

Amo ler. Talvez pela limitação do mundo real. Talvez para fugir da realidade. Talvez por tantos outros motivos. Mas o fato é que amo ler. Amo Rubem Alves - muito antes de sua morte tão triste e tão recente -, amo Machado de Assis - meu companheiro de adolescência solitária. Amo as letras tanto que fiz o curso de Letras  por acreditar nelas. Mas a verdade é que quem realmente me ensinou a ter amor pelas histórias foi meu pai. Um homem que estudou somente até a quarta série, naquelas escolas rurais tão precárias. Ele, à noite, após o jantar e o dever, lia para mim histórias de um único livro: a história do compadre Tatu e da Comadre Formiga. Era um livro da receita federal, ensinava as pessoas a importância de pagar impostos. E meu pai, com toda sua simplicidade, usava aquele  livro para contar hist´rias para sua filha á noite, antes de dormir. Não podia comprar um livro de história. Mas na minha cabeça, aquela era a história mais linda que a da Branca de neve ou de Cinderela. Não tinha quase enredo, não tinha ápice, nem quase desfecho. Mas meu pai entonava as vozes e interpretava com maestria e minha cabeça infantil sonhava...Outras vezes ele inventava histórias da sua cabeça e cada dia a  mesma história tinha finais diferentes...Esse foi o homem que me ensinou a ter amor pelas letras, pela imaginação. Hoje olho para ele grata e fico imaginando o que se passava naquela cabecinha hoje branca. Um homem rude, mas que sabia amar. Olho os meus filhos cansada, após um dia de serviço, quando eles pedem atenção, e fico com pena de dizer não, quando penso que meu pai não dizia não. Amo ler. E o culpado é meu pai. Seu Zezinho: eu te amo. Por essas e por outras razões mais.

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