quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

                   Jader Barbalho tomou posse ontem. Com seu filho fazendo caretas para o Brasil inteiro – uma criança de nove anos de idade  já sabe o que é ser mal-educado ou não. Então não se pode alegar que era coisa de criança. Acho que era isso que seu pai gostaria de ter feito. Mas a culpa foi do senador? Ele se candidatou. Se ele estava impedido, não deveria sequer se candidatar. Que lei é essa que permite que um candidato com passado duvidoso possa se candidatar? O povo é quem votou. Então vale a máxima que o povo tem o governante e os representantes que merece? Em 2010 ele  ficou em segundo lugar na eleição,  mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa, que surgiu pela pressão popular. Em março de 2011, o STF decidiu que a lei não valeria para as eleições do ano passado, abrindo caminho para a posse de Jader.

                   Será que estão sendo justos ao demonizar o Supremo Tribunal Federal? O Supremo é o guardião da Constituição e nenhuma lei votada pode contrariá-la. Ele apenas aplicou aquilo que está na lei, que, grosso modo, diz que as leis votadas não retroagem, mas sim valem para o ano seguinte. Está certo o senador Jader Barbalho,  que foi eleito de forma legal. O povo então que não votasse. O povo tem que dar a resposta nas urnas e se não o fez, então porque ele o faria? Está correto o Supremo Tribunal Federal, que apenas aplicou a lei de fato. Quem perde? Perde o povo do Pará, local de tantas desigualdades sociais. Terra de ninguém. Perde o Brasil. Quem ganha com a morosidade? Quem ganha com uma lei que foi votada e porque deixaram que isso acontecesse se sabiam que não teria validade neste ano? Os legisladores desconhecem a lei? Duvido muito.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FILA DE SUPERMERCADO

Crianças de férias, eu de férias, empregada de férias. Resultado: não há comida que chegue em casa. Acaba tudo muito rápido e tenho de fazer compras a cada dois dias. Ou quase. Estou eu na fila de supermercado e o carrinho cheio daquelas bobagens que fariam qualquer nutricionista e a pediatra ficarem de cabelo em pé...mas estamos de férias...abrimos exceções. 
Atrás de mim, uma mulher com uma penca de bananas e alguns pêssegos. Perguntei se gostaria de passar na minha frente. Ela abriu um sorriso largo e sincero. Agradeceu mil vezes, passou na minha frente e começou a contar sua vida: era do Espírito Santo e havia morados muitos anos em Brasília; acabara de chegar de lá com a família e vivia se perdendo de carro pelo bairro; estava se sentindo sozinha, pois a filha ficara no E.S. para prestar vestibular e o marido trabalhava muito; comprara os pêssegos para a viagem a Vitória, para passar o natal com a sogra; tinha que comprar um presente para o sobrinho, para o quê, sugeri o shopping recém inaugurado no bairro, ela agradeceu a ideia e disse que passaria lá; ela estava sem fazer nada, pois abrira mão de uma loja para vir para BH e estava pensando em abrir outra loja por aqui...falou também alguma coisa sobre uma passagem aérea e de alguém de Pará de Minas que meu cérebro de férias não conseguiu acompanhar. Agradeceu mais um milhão de vezes, com sua voz arrastada que tive a impressão de talvez ser o efeito colateral de algum antidepressivo, que também deve ser o motivo de suas perdas pelo bairro, mesmo de carro, e se foi, com seus pêssegos e sua penca de bananas ainda verdes.
Meu Deus, quanta informação. Não consegui assimilar metade do que ela disse. Aquela pessoa esperava apenas alguém para dizer tudo aquilo que ela tinha a dizer. Fiquei ali, passando minhas compras e pensando que às vezes um gesto tão banal pode fazer tanta diferença. Desejei boa sorte, mesmo ela não estando mais ali e fui embora curtir meus filhotes. A solidão é algo muito triste.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Somos escravos da sociedade moderna. Fato. Uma doce escravidão, diga-se de passagem.
Quantas pessoas da minha geração – tenho 37 aninhos bem vividos – tinham a sua disposição tudo o que temos hoje: celulares, computadores, internet, i-phone ( este numa categoria separada dos celulares, diga-se de passagem) ? Nada disso existia quando eu tinha lá meus 15, 16 anos de idade. Nossa fonte de pesquisa era a biblioteca da escola, no máximo a biblioteca pública na Praça da Liberdade, que eu frequentava com prazer e tinha ficha, meu Deus...
Hoje, temos o Google, que em inglês, virou até um verbete “Let’s google it”, dizia meu professor da pós-graduação, Carlos Gohn. Significava, mais ou menos “vamos pesquisar isso”.
Encontro meu marido, filho, meus pais, onde estiverem e quando quero, e eles me encontram pelo celular. É tudo muito prático. Ficou tudo mais fácil. Pergunto-me como era possível uma vida sem isso tudo? Vivíamos, é verdade, mas os tempos são outros. Não sinto uma pontinha sequer de nostalgia daquele tempo. Que bom que tenha ficado para trás e que não volta mais!